Comprei pacote de viagem no Hurb e tive de adiar a lua de mel pela 2ª vez
As redes sociais estão cheias de reclamações de pessoas que compraram pacotes de viagem com a agência de viagem online Hurb e tiveram as viagens adiadas.
Três pessoas que não conseguiram viajar: um casal teve a lua de mel para a África do Sul adiada pela segunda vez, uma filha que levaria os pais pela primeira vez para fora do Brasil não vai mais conseguir realizar o sonho em 2022 e uma doceira que viajaria para Londres neste ano vai ter que esperar até 2023, além de temer pelo cumprimento de outros quatro pacotes que comprou para viagens em 2023 e 2024. A empresa diz que vai honrar todos os pacotes comprados (leia em detalhes, mais abaixo, o que o Hurb diz).
Lua de mel adiada duas vezes
O analista de TI Igor Cabral, 34, comprou em 2020 um pacote para a Cidade do Cabo (África do Sul), onde passaria a lua de mel em novembro de 2021. Por causa da pandemia, o pacote foi adiado para este ano e, neste mês, descobriu que precisaria enfrentar mais um adiamento.
Como a viagem é a lua de mel do casal, Cabral decidiu insistir e remarcar para 2023, ainda mais que conhecer a África do Sul é um sonho do casal. Apesar da remarcação, Cabral diz que não está confiante de que vai dar tudo certo. O pacote —que inclui hotel e passagens— custou R$ 5.337,60 para o casal.
“O sentimento de frustração é gigante. Sempre foi um sonho nosso ir para a África do Sul. Pensamos em cancelar tudo, mas como queremos muito viajar, decidimos dar uma outra chance.”
Doceira comprou dez pacotes com o Hurb
A doceira Michele de Campos Oliveira, 40, comprou em abril de 2020 um pacote para Londres (Reino Unido) para viajar em 2021, mas a viagem foi adiada por causa da pandemia. Em agosto, descobriu que o sonho seria adiado mais uma vez.
O Hurb disse por email a Michele que a empresa estava com dificuldades de encontrar voos com preços promocionais.
“Em meio a esse cenário e considerando que, segundo o regulamento do seu Pacote Londres 2021, a operação da sua viagem depende da disponibilidade de tarifário promocional, estamos tendo dificuldade em encontrar voos que respeitem tais regras pré-estabelecidas no momento da compra da sua oferta”, diz o email do Hurb enviado a Oliveira.
Ir a Londres é o sonho do marido de Oliveira, que quer conhecer os estúdios da série Harry Potter na cidade. Além da frustração com a viagem, o casal já tinha comprado libras e euros, que foram depositados em um cartão pré-pago.
Oliveira era cliente fiel do Hurb. Já viajou para Vitória (ES), Gramado (RS), Lençóis Maranhenses (MA), Florianópolis (SC) e Cancún (México) e nunca tinha tido problemas com as viagens.
Gostou tanto que comprou outros pacotes para 2023 e 2024, com destino a Orlando (Estados Unidos), Nova York (Estados Unidos), Buenos Aires (Argentina) e Caraíva (BA). Os cinco pacotes das viagens dos próximos dois anos somam cerca de R$ 17 mil.
“Ir para Londres é o sonho de infância do meu marido. Remarcamos para março do ano que vem, mas se remarcarem de novo vamos pedir o reembolso e cancelar todos os pacotes que temos”, afirma Oliveira.
Oliveira diz que não conseguiria fazer tantas viagens sem os preços promocionais do Hurb.
Primeira viagem internacional dos pais
A gerente de projetos Jaqueline Tavares, 35, comprou três pacotes de cinco dias para Orlando por R$ 999 em março de 2020 para viajar em 2021 com os pais. Assim como Michele e Igor, precisou adiar o pacote para este ano por causa da pandemia.
Em julho, recebeu um email do Hurb dizendo que não seria possível realizar a viagem neste ano, com as opções de reembolso, adiamento para 2023 ou pedido de créditos.
“Fiquei frustrada. Já viajei para fora do Brasil, mas meus pais não. Eles são do Nordeste, não têm ensino, a minha mãe acha que Estados Unidos é outro planeta e eu estava orgulhosa de ter a chance de mostrar o país a eles”, afirma Jaqueline.
Jaqueline está com medo de remarcar a viagem para o ano que vem e a empresa não cumprir o prometido, além da dificuldade de remarcar as férias no trabalho. Ela também gastou com o passaporte e visto dos pais e com a compra de dólares.
“Eu pedi férias no trabalho para essa viagem. Sou assalariada, coloquei datas próximas em outubro para estar dentro do período de férias. Para o ano que vem, teria que remarcar as férias de novo. Eu não tenho essa flexibilidade toda”, afirma Jaqueline.
Consumidor pode pedir indenização
O Procon-SP diz que a lei permite o cancelamento desde que ele seja motivado pela pandemia.
A remarcação é garantida pela lei, mas que a empresa deve arcar com os danos que a remarcação pode causar ao consumidor por não conseguir viajar neste ano.
Exemplos de danos são a perda de uma viagem de trabalho, de férias ou um de evento importante. O consumidor precisa guardar todos os comprovantes de contato com a empresa e de eventuais danos sofridos. Em contrapartida, Sansone diz que a lei da pandemia não prevê indenização ao consumidor.
Fonte: UOL